segunda-feira, 6 de abril de 2009

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2009- Fraternidade e segurança pública

Este ano, a Campanha da Fraternidade apresenta-nos como tema “Fraternidade e segurança pública” e com o lema: “A paz é fruto de justiça (Is 32,17)”. Com essa campanha visa debater a segurança pública, com a finalidade de colaborar na criação de condições para que o Evangelho seja mais vivido em nossa sociedade por meio da promoção de uma cultura da paz, fundamentada na justiça social. A cada dia chegam a todos os cantos, pelo meio de comunicações noticias de injustiças e violências. Diante de uma sociedade em que vivemos, torna-se cada vez mais insegura, e a convivência com as pessoas torna cada vez mais delicada. Nesse período Quaresmal urge assumir nosso compromisso de cristão autêntico na busca da paz e da concórdia. O objetivo dessa campanha é suscitar a promoção da cultura da paz nas pessoas, na família, na comunidade e na sociedade, afim de que todos se empenhem na construção da justiça social que seja garantia de segurança para todos.
A questão da violência deve ser analisada a fundo, seja para compreendê-la no plano teórico, seja para conhecer como ela acontece na prática. É comum, quando se fala em violência, que se tenha em mente a violência da criminalidade. Porém é preciso atinar para o fato de que, da mesma forma que podemos sofrer a violência, podemos também ser agentes ou causadores dela. Melhor falar em violências. Basicamente, existem três tipos de violência: A estrutural, a física e a simbólica. Cada tipo de violência exige um tipo de abordagem, assim como diferentes encaminhamentos e critérios para sua superação. É importante determinar como a violência torna-se concreta. A estrutural é a negação da cidadania de indivíduos e grupos. A física é vista através de uma realidade corpórea. A simbólica é uma ação que acontece por coação através da força de símbolos, situações, constrangimento, ameaças; pela exploração de fatos ou de situações, com chantagens e humilhações.
É preciso lembrar que além dos tipos de violência, é preciso estar voltado para uma realidade e ver que ela se dá no meio familiar, no nascituro, no campo, contra os povos indígenas, no trânsito, na natureza, na violência policial e contra policial, no universo das drogas, no tráfico humano, na exploração sexual, no mundo do trabalho e nos direitos humanos. Direito, tais, quais não são respeitados nem pelos próprios governantes e que cada vez mais aumenta a desigualdade social. Hoje diante de tudo que se vê, é importante perguntar se as injustiças sociais não são crimes então o que podemos chamar de crimes, e que seria então a construção de uma justiça social a todos?
O poder jamais poderá ser assumido em vista do bem próprio, como meio de satisfação de necessidades e interesses pessoais através da opressão e da violência. Quando então ele significar, de fato, exercício em vista do aperfeiçoamento do outro e torna-se serviço em vista do bem comum, poderá haver segurança e paz. A Igreja é a continuadora da missão de Jesus pelos caminhos da história. Isso quer dizer que todos, conduzidos pelo Espírito Santo, são enviados a evangelizar, tornando pregadores e os construtores da paz. Enquanto Jovens cristãos são convidados a assumir sua identidade, promovendo a paz nas pessoas, na família e na comunidade, valorizando os valores humanos e o respeito ao outro.
Autoria: Cristiano Leme (Filósofo)

Estrutura da Liturgia da Palavra na Missa

Pe. Cristiano Marmelo Pinto[*]
Diocese de Santo André

A Igreja não inventou a liturgia da Palavra. Ela a herdou da liturgia sinagogal judaica. A estrutura da liturgia das sinagogas estava centrada nas leituras bíblicas. Tanto a liturgia cristã como a liturgia judaica atribui à Palavra uma função toda especial e própria, diferentemente de outras religiões que também têm a palavra em seu culto. Não é difícil perceber a passagem da estrutura da liturgia da Palavra da sinagoga para a liturgia cristã, pois Cristo, Palavra viva do Pai, dá, à palavra celebrada, um maior valor.

O testemunho mais antigo de como a liturgia da Palavra estava estruturada em ambiente cristão é de São Justino, por volta do ano 150. “Lêem-se as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas, quando o permite o tempo... Aquele que preside toma a palavra para exortar... Em seguida, levantamo-nos todos e elevamos nossas orações” (S. Justino, Apologia I, 67).

A liturgia da sinagoga dava-se da seguinte forma: “comportava ela a dupla leitura da Lei e dos profetas, acompanhada de salmos; depois das leituras, situava-se uma explicação ou exortação homilética; finalmente, eram feitas orações para o povo da Aliança (Gelineau, J. Em vossas assembléias, p. 160).

É fácil perceber que apenas se acrescentou a leitura dos apóstolos na liturgia cristã e o evangelho, conservando todos os elementos da liturgia judaica. A liturgia da Palavra vai aparecer de maneira mais elaborada na comunidade cristã por volta do século IV. Nesta época já aparecem quatro elementos constitutivos: as leituras das Escrituras, com a explicação na homilia; o cântico do salmo e hinos; a oração do povo e a oração do presidente. Percebe-se aí dois eixos: o anúncio da Palavra e a oração da comunidade.

A estrutura da liturgia da Palavra é formada dos seguintes elementos: leituras bíblicas (Antigo e Novo Testamento), salmo responsorial, aclamação ao evangelho, homilia, profissão de fé e preces da comunidade. “As leituras bíblicas da Sagrada Escritura, com os cânticos que se intercalam, constituem a parte principal da liturgia da Palavra: a homilia, a profissão de fé e a oração universal ou oração dos fiéis a desenvolvem e concluem” (cf. Ordo Lectionum Missae, 11).

A Primeira Leitura (Antigo Testamento): geralmente a primeira leitura é tirada do Antigo Testamento. No tempo pascal a leitura é extraída dos Atos dos Apóstolos, que trata do início da comunidade cristã iluminada pela ressurreição de Jesus. Elas prefiguram e anunciam a plenitude dos tempos. A primeira leitura é sempre lida na perspectiva da vinda de Cristo.

O Salmo Responsorial: em primeiro lugar é preciso ter consciência que o salmo é Palavra de Deus, e, assim como as demais leituras, “é parte integrante da liturgia” (cf. IGMR – Instrução Geral do Missal Romano, 61). Tem a finalidade de favorecer a meditação da Palavra de Deus. É uma resposta orante da comunidade a esta Palavra. Desta maneira ele prolonga, de forma contemplativa, a primeira leitura. Ele é um dos elementos mais antigos da liturgia da Palavra. Por ter relação com as leituras – mais especificamente com a primeira –, nunca deve ser trocado por outro ou um canto qualquer.

A Segunda Leitura (Novo Testamento): esta leitura é tirada dos escritos dos apóstolos, dos Atos dos Apóstolos, das Cartas e do Apocalipse. Ela atualiza na comunidade cristã a experiência dos apóstolos e das primeiras comunidades, a experiência do Cristo Ressuscitado e do seu Espírito que move a Igreja para a missão e o testemunho. Ela não precisa, necessariamente, ter relação com as demais leituras. Mas, como via de regra, ela mostra como as primeiras comunidades cristãs colocaram na prática os ensinamentos de Jesus.

Aclamação ao Evangelho: antes da proclamação do Evangelho, faz-se uma aclamação. Esta aclamação tem origem na liturgia judaica e ocupa um lugar de destaque na liturgia cristã. Ela é expressão de acolhimento do Cristo que agora vem nos falar. Ao mesmo tempo é manifestação de nossa fé na presença real de Cristo em sua Palavra. Consta de “aleluias” e um versículo, geralmente tirado do próprio evangelho do dia (cf. Estudo 79 da CNBB, p. 128). Durante a quaresma o aleluia é omitido, mas a aclamação ao Evangelho permanece .

Proclamação do Evangelho: o Evangelho é o ápice da liturgia da Palavra. Não é por menos que, para ele, cantamos “aleluias” e nos colocamos de pé. O Evangelho, por exemplo, é quem determina a escolha das outras leituras. A palavra “evangelho” significa boa notícia, mensagem importante, boa nova. É o próprio Cristo que vem nos falar.

A Homilia (atualização da Palavra): a palavra “homilia” significa “conversa familiar”. Não é uma conferência, nem um sermão, muito menos um discurso e nem aula de catequese ou de teologia. Ela é um serviço à Palavra. A homilia procura explicar e atualizar a Palavra na vida concreta da comunidade. A atualização é o coração da homilia. Ela não pode reduzir-se a uma explicação dos dados históricos ou/e teológicos da Palavra de Deus. Isto pode ser muito útil. Mas a comunidade deve perceber de modo claro e preciso a conexão entre Palavra de Deus e sua vida. Ela deve levar os corações à conversão sincera e radical ao Evangelho. É claro que uma homilia não pode tratar de tudo, por isso, ela deve centrar-se em um elemento da Palavra proclamada e aplicá-lo na vida da comunidade.

Profissão de fé (credo): o credo ou profissão de fé tem como objetivo levar toda a assembléia reunida a responder à Palavra que foi proclamada e atualizada pela homilia (cf. IGMR, 67). Recorda e professa o mistério da fé. Tem eixo cristológico, pois nele professamos que “Cristo é o Senhor”. Ele expressa nossa adesão a Cristo de modo que nossa vida seja centrada nele. Inicialmente, a profissão de fé era usada na celebração do batismo. Foi introduzida na liturgia da missa no Oriente.

Oração da comunidade (preces): é uma das práticas mais antigas da nossa liturgia. Ela responde a Palavra de Deus acolhida na fé. É também chamada “oração universal” porque ela expressa a universalidade da Igreja que deve elevar suas preces por toda a humanidade. Há uma ordem na oração da comunidade: pelas necessidades da Igreja; pelos poderes públicos e pela salvação do mundo; pelos que sofrem e pela comunidade reunida (cf. IGMR, 70).

Procurei tratar da estrutura da liturgia da Palavra de maneira breve e objetiva. Fica evidente que, para podermos compreender melhor o seu valor sacramental, precisaríamos de um maior aprofundamento. Porém, não é esta a nossa proposta neste breve texto. Ele quer sim, suscitar nos leitores o desejo de buscar este aprofundamento. Somente assim participaremos ativa e conscientemente da liturgia da Palavra e permitiremos que ela seja eficaz em nossa vida, produzindo aquilo que ela significa e a transformação de nossas vidas.


Para refletir:
1. Qual a origem da liturgia da Palavra?
2. Quais as partes integrantes da liturgia da Palavra?
3. Como perceber Cristo presente na Palavra mediante a estrutura ritual da liturgia da Palavra?

Referências bibliográficas:
ALDAZÁBAL, J. A Mesa da Palavra I: elenco das leituras da missa. São Paulo: Paulinas, 2007.
FARNÉS, Pedro. A Mesa da Palavra II: leitura da Bíblia no ano litúrgico. São Paulo: Paulinas, 2007.
DEISS, Lucien. A Palavra de Deus celebrada. Petrópolis: Vozes, 1998.
CELAM. Manual de Liturgia II: a celebração do mistério pascal fundamentos teológicos e elementos constitutivos. São Paulo: Paulus, 2005.

CNBB coloca limites aos "comentários" na Missa


Publicamos a Nota da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia aos redatores dos "Folhetos litúrgicos" a respeito das monições (comentários) antes da Liturgia da Palavra:A Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia (CEPL) realizou, nos dias 02 e 03 de julho de 2007, em Aparecida, São Paulo um encontro com os responsáveis pelos "folhetos litúrgicos" do Brasil. O assunto estudado e debatido pelos participantes, com a ajuda de nossos assessores, foram os "comentários" apresentados nos folhetos litúrgicos em diversos momentos da celebração.Com o pleno consenso dos participantes do referido encontro, a CEPL faz um apelo a todos os responsáveis pelos folhetos litúrgicos para que se apresente apenas um comentário para introduzir a Liturgia da Palavra, com a finalidade de preparar e dispor os fiéis a ouvirem atentamente as três leituras (1a. leitura, 2a. leitura e Evangelho). Assim não mais se teria, separadamente, um comentário para cada uma das leituras.Optamos por essa decisão, para darmos mais valor à Palavra proclamada. Esta não pode ser interrompida ou intercalada com comentários e explicações que quebram sua unidade e o ritmo da celebração. A explicação e a atualização da Palavra devem ser feitas em seu local próprio, a homilia.A assembléia litúrgica não é apenas destinatária da ação litúrgica, mas é protagonista, povo sacerdotal, não dependendo de "palavras de ordem" para participar. A liturgia não é apenas "palavra" mas uma ação ritual-simbólico-sacramental. Por isso, muito mais do que um "comentário", é a atitude do leitor, do salmista, do diácono ou do presidente da assembléia que vai ajudar para que a Palavra seja ouvida e acolhida. Neste contexto, para uma frutuosa proclamação e acolhida da Palavra, adquirem muita importância o ambão, sua localização e sua ornamentação; um bom microfone; a veste litúrgica própria dos leitores, um refrão orante.Na celebração litúrgica, as "introduções" prestam o serviço de "iniciar", despertar, dispor a assembléia para a escuta atenta da Palavra. Para usarmos um termo dos Meios de Comunicação Social, estas "introduções" poderiam ser comparadas às “chamadas” que anunciam e preparam a assembléia para a escuta do Senhor.Fundamentamos nosso pedido em dois documentos litúrgicos:a) Sacrosanctum Concilium, 35: “Procure-se também inculcar, por todos os modos, uma catequese mais diretamente litúrgica, e prevejam-se nas próprias cerimônias, quando necessário, breves esclarecimentos, feitos só nos momentos mais oportunos, pelo sacerdote ou ministro competente, com palavras prescritas ou semelhantes às prescritas”.
b) Instrução Geral ao Missal Romano, 31: “Da mesma forma cabe ao sacerdote, no desempenho da função de presidente da assembléia, proferir certas admoestações previstas no próprio rito. Quando estiver estabelecido pelas rubricas, o celebrante pode adaptá-las um pouco para que atendam à compreensão dos participantes; cuide, contudo, o sacerdote de manter sempre o sentido da exortação proposta no livro litúrgico e a expresse em poucas palavras. Pode, com brevíssimas palavras, introduzir os fiéis na missa do dia, após a saudação inicial e antes do rito penitencial, na liturgia da palavra, antes das leituras; na Oração eucarística, antes do Prefácio, nunca, porém, dentro da própria Oração; pode ainda encerrar toda a ação sagrada antes da despedida” .Seria interessante retomar tudo o que o Missal Romano prevê para a celebração da Liturgia da Palavra, com destaque aos momentos de silêncio após cada leitura (cf. IGMR, 128-.134). Aí está claro que os “comentários” não têm a finalidade de dar informações catequéticas ou moralistas, mas devem ser mistagógicos, isto é, conduzir a assembléia à plena participação da ação litúrgica. Devem ser convites de cunho espiritual, sempre discretos, orantes, a serviço do diálogo entre Deus e seu povo reunido, portanto, sem interrupção do fluxo do rito. Vale lembrar um dos princípios na ação litúrgica: “que as nossas palavras na Liturgia não neguem a Palavra, mas a sirvam”. Pedimos também não mais usar a palavra “comentarista” ou “comentário” em nossos folhetos, visto que não é este o espírito das monições apresentadas. Muitos usam a palavra “animador” que, mesmo não sendo a ideal, é a que mais se aproxima da função litúrgica exercida por esta pessoa.Aproveito a ocasião para agradecer aos responsáveis pelos folhetos litúrgicos que estiveram presentes no encontro promovido por nossa Comissão, sua boa vontade e seu empenho em apresentar e ajudar nossas comunidades a bem celebrarem o Mistério Pascal, como Igreja reunida pelo Pai, no amor de Cristo, pela ação do Espírito Santo.Convido a todos para assumirem nosso pedido neste espírito, e desde já os convido para o próximo encontro que será nos dias 30 de junho e 1o. de julho de 2008, em Aparecida, São Paulo.
Aparecida, São Paulo.Brasília, 6 de agosto de 2007Festa da Transfiguração do SenhorDom Joviano de Lima JúniorArcebispo de Ribeirão PretoPresidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia

CELEBRAÇÃO DE ABERTURA DO ANO CATEQUÉTICO

Brasília-DF, 02 de abril de 2009.
Querido (a) Catequista,
"ARDE O NOSSO CORAÇÃO”.....
Em nome da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética, quero parabenizá-lo/a pelo seu maravilhoso trabalho de evangelização. Sabemos que a sua missão é de grande importância e queremos encorajá-lo/a na pastoral catequética.
O objetivo da catequese é formar “discípulos/as–missionários/as “de Jesus Cristo”, pessoas apaixonadas pela construção do Reino. Você é chamado/a a colaborar conosco para iniciar à vida cristã crianças, jovens e adultos.
Neste Ano Catequético desejamos que você nos ajude a fazer da catequese um verdadeiro caminho de fé. Que a Palavra de Deus esteja no centro da mensagem que você transmite. Sem negligenciar a catequese com crianças e jovens, dê uma atenção especial aos adultos e às pessoas com deficiência. Cuide de sua formação, participe das atividades que a sua comunidade oferece.
No dia 19 de abril, convidamos todas as comunidades a dar destaque especial à abertura do Ano Catequético. Desejamos que este dia seja o ponto de partida do grande trabalho missionário. Os párocos poderiam enviar os/as catequistas para visitar as famílias dos seus catequizandos, levando uma cópia da “capelinha missionária” que o Papa Bento XVI entregou aos presidentes das Conferências de Aparecida.
Valorize o dia do catequista que será celebrado no dia 30 de agosto.
Contamos com as suas orações para o bom êxito da 3ª Semana Brasileira de Catequese, cujo tema é “Iniciação à Vida Cristã”, que acontecerá em Itaici – Indaiatuba (SP), de 06 a 11 de outubro.
Que Deus lhe dê sua bênção nesta sua missão de catequizar,
Dom Eugênio Rixen
Bispo de Goiás
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral
Para a Animação Bíblico-Catequética.
Obs.: Nota a ser lida nas celebrações no dia 19 de abril e a ser publicada nos meios de comunicação: jornais, rádios, internet.Colaborador:

Pe Luiz Gonzaga Bolinelli, DC

Dançarina de boate vira freira e ensina 'dança sacra' na Itália

Uma ex-bailarina e ex-acompanhante de homens em boates de Milão se tornou freira há um ano e agora dá aulas de dança contemporânea nos arredores de Roma.
"Antes, eu dançava sobre cubos e fazia 'lap dance' para homens quequeriam apenas meu corpo, estava jogando a vida fora em boatestransgressivas, fazendo sexo sem amor, que procurava como uma droga",disse Anna Nobili, de 38 anos, em entrevista ao jornal La Repubblicanesta sexta-feira.
Anna Nobili entrou para a Congregação das Irmãs Operárias da Santa Casa de Nazaré e fez os votos no final do ano passado.
A dança voltou a fazer parte da vida da religiosa depois que o bispo da cidade de Palestrina, a cerca de 35 quilômetros da capital italiana, ofereceu à freira um espaço no convento para que ela pudesse ensinar passos de dança aos jovens da diocese.
IrmãAnna define o tipo de dança que faz e ensina agora como "holy dance"(ou dança sacra). "Agora, danço para Deus, e meus passos e minhascoreografias são dedicadas a ele", afirma.
Coreografia 'mística'
Comseu grupo de alunos, que se chama "grupo de dança litúrgica HolyDance", irmã Anna vai se apresentar na próxima terça-feira emuma das principais basílicas de Roma, a Santa Cruz em Jerusalém,durante a apresentação do livro Bíblia dia e noite, de Giuseppe Carli e Elena Balestri.
Segundo a tradição, nesta igreja, uma das mais antigas de Roma, estão guardadas relíquias da cruz onde Jesus Cristo morreu.
Ogrupo vai dançar diante de bispos e cardeais uma "coreografia mística",cujo titulo é "Jesus, luz do mundo", inspirada no evangelho segundo SãoJoão.
Além de se apresentar em boates, Anna também participava de programas de televisão como bailarina. Em 1995, ela teve o que definiu como uma "crise mística" e resolveu mudar de vida.
O caminho da conversão ao catolicismo e a decisão de se tornar freira não foram fáceis, segundo a religiosa. "Foi um caminho longo e sofrido", disse irmã Anna.
Iluminação
Na entrevista ao La Repubblica, a religiosa compara sua história a de muitas outras moças. Diz que teve uma infância violenta e sem amor. Seus pais se divorciaram quando ela era pequena e, aos 13 anos, foi viver sozinha em Milão.
"Procurei a felicidade nas luzes do palco e da noite. Os homens gostavam de mim. Descobri a dança, e isso foi um meio para fazer conquistas. Estava no centro das atenções e jogava fora meu corpo", afirmou.
Irmã Anna conta que teve uma espécie de iluminação, depois de tentar mudar de vida várias vezes, inclusive por meio do budismo.
"Fiz uma intimação a Deus: 'se você está aqui, deve dizer pessoalmente, sem intermediários'", disse.
A freira afirma que sua conversão ocorreu ao visitar a Basílica de São Francisco e Santa Clara, em Assis. Diante da basílica, irmã Anna disse que se surpreendeu com as cores do céu, sentiu a presença de Deus e começou a dançar diante das pessoas.
"No trem, de volta a Milão, percebi que Deus havia entrado dentro de mim. No espelho do banheiro, não me reconheci, houve uma transfiguração", diz a freira.
Irmã Anna conta que ainda dançou como profissional de boate mais uma noite e, depois, desistiu.
"Eu poderia ter escolhido uma vida normal, ter uma família, filhos, mas minha busca me levou a uma escolha radical, evangélica. Aos poucos, cortei tudo. Fiz as pazes com meu pai e comecei um processo de purificação", disse.
Colaborador: Rodney