domingo, 5 de abril de 2009

Rabiscos do Paulão - Resenha do filme “ARQUITETURA DA DESTRUIÇÃO” numa perspectiva estética




O filme de Peter Cohen: “Arquitetura da Destruição”, trás uma abordagem sobre o nazismo extremamente interessante, ou seja, uma visão estética do mesmo.
Na contracapa do DVD há algo significativo: “O Nazismo tinha como um dos seus princípios fundamentais a missão de embelezar o mundo. Nem que, para tanto, destruísse o mundo”.
Desde o início o que se vê são influências greco-romanas em praticamente todas as construções alemãs.
A grandiosidade estava presente em tudo. Até nos comícios de Adolph Hitler que tinha uma concepção de belo alicerçada na fixação pela Antigüidade. Atenas, Esparta e Roma eram modelos de beleza a serem imitados. A arte é valorizada pela imitação que pode ser integral (realista) ou idealista. Ao deixarem intactas: Atenas (Grécia) e Paris (França), Hitler mostra sua postura de valorizar a realidade além da obra de arte, seja na sua reprodução, seja tentando melhorá-la. A intenção na construção da Grande Berlim é isso.
Neste primeiro momento posso abordar coisas interessantes em relação à estética.
Inicialmente, cito os norte-americanos H.W. Janson e Antony F. Janson: “A arte é um impulso irresistível do homem em reestruturar a si mesmo e criar um mundo ideal”. Fica a questão: Não era justamente isso que Hitler queria?
Para Hitler, a arte moderna-contemporanêa era uma arte degenerada, uma perversão artística, baseada na Beleza da Feiúra, no Risível, no Trágico, no Cômico. Vêem-se no filme referências explícitas as categorias que pertencem ao Universo da Beleza. Nela não havia a concepção de Belo sonhada pelo Führer. Como arte degenerada, deveria ser “esterilizada” por se tratar de “doença mental” dos artistas. Era algo feio e sendo assim, deveria ser limpa através de um despertar estético clássico.
Hitler determinava o que era obra-de-arte. Sua intenção era criar uma nova Alemanha através dessas concepções estéticas greco-romanas.
Para os alemães, saúde era sinônimo de beleza e começa então a busca desenfreada pela perfeição através da criação do “novo homem alemão” chamado de “o corpo alemão”. Os médicos passam a serem considerados “artistas do corpo”.
No objetivo de eliminar-se o feio, surge o Programa de Eutanásia. O objetivo era exterminar o que era “defeituoso” (busca da perfeição absoluta). O sonho era construir uma nação pura e bela, mesmo que para isso fosse feito uso da “arquitetura da destruição”.
Hitler passa a ter obsessão por eliminar o inseto, o verme que destrói o mundo. Essa bactéria, segundo Hitler, era o povo judeu. Surge o programa chamado: “Instrumento de Embelezamento”, ou seja, o extermínio em massa.
Será que toda a loucura de Hitler, passada para toda uma nação, tinha como alicerce fundamental uma busca pela perfeição estética absoluta? PENSE !!!
Paulo Augusto Loureiro - Filósofo da Unifai