terça-feira, 2 de junho de 2009

Reflexão do Dia 31 de Maio de 2009 - DOMINGO DE PENTECOSTES Pe Paulo

Ao celebrarmos na semana passada a Ascenção de Jesus, tomamos consciência de que existem duas forças que agem em nós: uma, a força que nos puxa para baixo, para a terra; outra, a força que nos puxa para o alto, para o céu. Conhecemos a força que nos puxa para baixo: é o cansaço, a queda, o fracasso, a sensação de impotência, o desânimo, a falta de sentido, o vazio, o medo. Mas hoje, celebrando Pentecostes, o Senhor nos convida a nos abrir ao Espírito Santo, descrito como “força do alto”, a força que nos puxa para cima.
Embora não possamos ver o Espírito Santo, podemos sentir os efeitos da Sua presença em nós: ele dá repouso ao cansado, levanta o que caiu, aquece o que está frio, cura o que está ferido, encoraja o que está paralisado pelo medo, fortalece o que se sente fraco, ressuscita o que está morto, reúne o que está disperso, santifica o que está marcado pelo pecado, lava o que está sujo, endireita o que está torto...
O que é bonito observar nos Atos do Apóstolos, que nos narram o acontecimento de Pentecostes, é que a descida do Espírito Santo não aconteceu somente naquele dia. Ela se repetiu quando os discípulos, sentindo-se ameaçados, estavam em oração numa casa (cf. At 4,31); se repetiu sobre os samaritanos (cf. At 8,17), e sobre um pagão chamado Cornélio e sua família (cf. At 10,4). Então a descida do Espírito Santo pode se dar em cada um de nós hoje! Mas, como o Espírito Santo vem a nós?
Jesus soprou sobre os discípulos e disse: “Recebam o Espírito Santo!” (Jo 20,22). Isso significa que o Espírito Santo não pode ser adquirido ou conquistado; só pode ser recebido. Ele é o dom do Pai, concedido a nós por meio do Filho. O Pai concede o Espírito Santo aos que lhe obedecem (cf. At 5,32). O Pai concede o Espírito Santo a todos aqueles que Lhe pedem esse dom na oração (cf. Lc 11,13). O Pai concede o Espírito Santo àqueles que têm sede e se aproximam de seu Filho para Jesus, a única e verdadeira fonte de água viva, aquele por meio de quem nos vem o Espírito (cf. Jo 7,37-39).
Como foi mencionado acima, os mesmos discípulos que já haviam recebido o Espírito Santo em Pentecostes, tiveram esse mesmo Espírito renovado em seus corações tempos depois, durante uma oração, quando viviam uma situação forte de perseguição: “Tendo eles assim orado, tremeu o lugar onde se achavam reunidos. E todos ficaram repletos do Espírito Santo, continuando a anunciar com intrepidez a palavra de Deus” (At 4,31). Vamos ver como isso se aplica também a nós.
A primeira vez que recebemos o Espírito Santo foi no dia do nosso batismo, quando “nascemos do alto, pela água e pelo Espírito” (cf. Jo 3,3.5). Naquele dia “fomos batizados num único Espírito para formarmos um único corpo”, o corpo da família de Deus, e todos passamos a “beber de um único Espírito” (cf. 1Cor 12,13). A partir do batismo, o Espírito se tornou voz de Deus em nós, convidando-nos a nos deixar conduzir por Ele, pois “são filhos de Deus os que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus” (Rm 8,14).
A expressão “deixar-se conduzir” significa que o Espírito Santo não nos força, não nos violenta. Ele indica; Ele aponta; Ele inspira, mas somos nós que decidimos se vamos obedecer ou não à Sua voz. Dependendo como usamos a nossa liberdade, podemos correr o risco de extinguir o Espírito em nós (cf. 1Ts 5,19), de entristecê-lo com nossas palavras inconvenientes (cf. Ef 4,30), ou até mesmo de expulsá-lo de nós, já que Ele não habita numa pessoa falsa e que pratica a injustiça (cf. Sb 1,5). Justamente por isso, somos convidados em cada Pentecostes a pedir ao Pai a graça de reavivar o Seu Espírito em nós (cf. 2Tm 1,6-7).
Quando Deus envia o Espírito Santo, toda a face da terra é renovada (cf. Sl 104,30), tudo renasce. Assim, invocamos o Espírito Santo que desceu sobre os apóstolos como línguas de fogo (cf. At 2,3), para que, destruindo a torre de babel, símbolo da confusão, do desentendimento entre as nações (cf. Gn 11,7-9), comunique ao todos os povos a linguagem da reconciliação, do diálogo, da paz e da preservação da vida sobre a terra. Invocamos o Espírito Santo como sopro de Cristo ressuscitado para que penetre na vida de todas as pessoas cuja esperança está desfeita, cuja fé está enterrada, morta, para que voltem a viver (cf. Ez 37,9-14). Invocamos o Espírito Santo sobre todo ser humano, para que se deixa conduzir por esta força do alto que quer levá-lo até o Pai.

Vem, Espírito (Flavinho)
Vento impetuoso vem sopra aqui! Como línguas de fogo vem, repousar sobre mim! (bis)
Levanta-me, pois caído estou! Sacia minha sede! Levanta-me, pois cansado estou! Fortalece-me Senhor!
Ó vem Espírito Santo, preencher o meu coração! Ó vem Espírito Santo, inflamar em mim Tua unção!

Que o Pai reavive o dom do Espírito de seu Filho em você neste pentecostes!
Pe. Paulo

Simone, A Verdadeira Filósofa

Ao longo de seus 78 anos de vida, Simone de Beauvoir participou de tantos acontecimentos marcantes que, para narrá-los em livro, necessitou de quatro volumes. Nascida em Paris, em 1908, ela sempre foi incentivada a escrever pelos pais, que a estimulavam o desejo de conquistar o mundo através do tempo e do espaço.Em 1929, conheceu, na Sorbonne, Jean-Paul Sartre, que ficara impressionado com a beleza, a inteligência e a voz rouca de Simone.
Quando os dois prestaram o exame final de filosofia, Sartre tirou o primeiro lugar e Simone o segundo, mas os membros da banca estavam convencidos de que "a verdadeira filósofa era ela".Iniciaram um relacionamento no qual a monogamia e a mentira não tinham lugar. Sartre acreditava que acima de serem amantes, eram escritores, portanto, necessitados de conhecer a alma humana a fundo, somando experiências individuais que deveriam ser contadas, um ao outro, nos mínimos detalhes.
Em 1943, Simone lançou seu primeiro livro, o romance A Convidada, e, no ano seguinte, o ensaio Pirro e Cinéias, no qual sustenta que, na ausência de um Deus que garanta a moralidade, cabe ao indivíduo criar laços com seus pares por meio de ações éticas. Eram os vestígios da doutrina existencialista.Em 1949, publicou os dois volumes de O Segundo Sexo que, ao falar sobre o corpo da mulher e a sexualidade feminina, causou grande escândalo.Também depois da guerra, ao lado de Sartre e Merleau-Ponty, fundou Les Temps Modernes, uma das maiores arenas do debate político e social. Simone lançou no total 29 obras de diversos gêneros. Morreu em 1986, em Paris, e foi enterrada junto de Sartre.
Fonte: Estadão