terça-feira, 12 de agosto de 2008

Os Des Mandamentos de Maquiavel

Deus ou Maquiavel?

As máximas de uma doutrina, de uma religião, de uma organização... são chamadas de mandamentos. Os mais famosos, pelo menos no ocidente, são os Dez Mandamentos, entregues por Deus a Moisés, no monte Sinai, escritos no Livro Êxodo, na Bíblia Sagrada. Na política, os mandamentos mais falados são os de Nicolò Maquiavel, oferecidos em “O Príncipe”.Os mandamentos de Maquiavel fizeram tanto mal à humanidade que, quando se quer ofender alguém, basta chamar-lhe de maquiavel, maquiavélico... transformando um nome próprio em nome comum, com o significado de demoníaco, diabólico, maldoso, perverso, bárbaro, torturador, sanguinário, violento, sacana...Muitos falam desses mandamentos, mas poucos os conhecem. A título de informação, vou transcrevê-los:
1º - Zelai apenas pelos vossos próprios interesses;
2º - Não honreis a mais ninguém além de vós mesmos;
3º - Fazei o mal, mas fingi fazer o bem;
4º - Cobiçai e procurai obter tudo o que puderdes;
5º - Sede miserável;
6º - Sede brutal;
7º - Lograi o próximo toda vez que puderdes;
8º - Matai os vossos inimigos, e, se necessário, os vossos amigos;
9º - Usai a força, em vez da bondade, ao tratardes com o próximo;
10º - Pensai exclusivamente na guerra.
Agora, compare esses dez mandamentos de Maquiavel com os de Moisés. Que diferenças! Com certeza, os de Maquiavel são explicitamente muito menos conhecidos, mas muitíssimo mais praticados, não só pelos “príncipes”, mas também por muitos “vassalos”, pelos governantes e por todos nós, pessoas do povo.Prefiro o único mandamento de Jesus Cristo: “Amar a Deus, amar ao próximo, como se ama a si mesmo!” Claro, é espantosa a capacidade de o homem manipular, manusear, usar e abusar das palavras. O guru Krishnamurti nos ensina que há muita violência nas palavras ásperas, num gesto de desprezo, na imposição da obediência motivada pelo medo. Plagiando o tribuno romano Cícero, usando minhas palavras; “As palavras expressam a virtude, condenam os maldosos e malvados com aspereza, louvam os bons com magnificência e espetacularmente, repreendem as desordens, consolam as pessoas tristes e solitárias, testemunham a história de homens e de mulheres, iluminam a verdade, memorizam os fatos, ensinam o que é, para que, por que viver.” As palavras, afinal, são dons de Deus, ou arte do Diabo? A resposta não é assim tão fácil prefiro o caminho mais fácil: as palavras são comunicação - a arte de colocar em comum uma idéia, uma ação, uma atividade - o que implica participação, cooperação, colaboração, solidariedade, comunhão, união, intercâmbio, diálogo, troca, vivência...Os homens aprenderam cientificamente manipular as palavras como tanta eficácia e eficiência e competência que compramos muitas coisas de que não precisamos, votamos em muitos candidatos corruptos e que nos enganam, amamos as luzes e as cores da riqueza, dos bens, do dinheiro e do consumo. Se as palavras são criações demoníacas, os marqueteiros lhe são súditos, e sacerdotes, e pastores, e crentes, e fiéis.

Décio Bragança Silva é professor da Universidade de Uberaba

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Da mágica da fé a realidade

É preciso estar consciente com algumas atitudes e principalmente estar comprometido com tudo e todos; o estar comprometido faz com que tenhamos a consciência de que existem pessoas e coisas que continuaram a existir mesmo quando não estivermos presentes.É necessária uma longa e muitas vezes frustrantes experiência para que nos tornemos capazes de descobrir o mundo objetivo. Enquanto somos bebê, achamos que tudo existe para nós, e quando choro tenho a mamadeira para mim ou quando continuo a chorar tenho minha mãe por perto para me dar carinho, e quando nos tornamos jovens não é muito diferente, pois, parece que tudo que existe, existe para nós, as coisas os divertimentos e não damos liganças para os outros, esquecemos do outro como agente da nossa história, nem mesmo para as coisas, mais tarde, pode ser uma experiência bastante dolorosa, ao descobrir que nosso choro não cria o leite, que nosso sorriso não produz a mãe, que nossas necessidades não fazem surgir aquilo que irá satisfazê-las, e que nossa falta de comprometimento não fazem surgir um mundo novo, ou que minhas lágrimas derramadas brotarão paz, amor, ou uma sociedade mais justa, gradualmente descobrimos a nossa mãe como um outro e não como parte de nós e que as pessoas são importantes para mim e eu para elas, quando tomar consciência do meu eu, saber que o eu é construído para história, e que a sinceridade acentua a continuidade da história, assim recordamos Santo Agostinho quando nos diz de que “quando termos a capacidade de nos conhecer como sujeito dá própria história é o que nos dá a certeza, pois a certeza é existencial”; ou quando sei reconhecer que sou agente da história e não apenas um telespectador do qual vê a vida passar como em contos de fada ou quando achamos que tudo é ficção. Cada vez que experimentamos que não estamos governando o mundo por meio de nossos sentimentos, pensamentos e ações são forçados a reconhecer que há outras pessoas, coisas e acontecimentos com autonomia própria.Quando descobrirmos que o cosmo (mundo) não é uma coisa mágica e que a realidade nos mostra um mundo com ilusões e divisões, egoísmo e falta de amor, um mundo no qual Deus já foi esquecido, ou melhor, um mundo que matou Deus como nos dizia o filósofo Nietzche, ou seja, um mundo que acabou com o cristianismo através das guerras e a falta de amor, um mundo que não mais prega o bem e sim o mal, talvez por não conhecer a essência do bem. Quando soubermos que estou no mundo, mas não pertenço a ele e ele a mim. É preciso que estejamos preocupados com a verdade, pois, ela é nossa possibilidade, e nós somos o ser pela qual ela vem ao mundo. Somos convidados a mostrar Deus a todas as pessoas, e que a felicidade consiste em lutar por objetivos e ideais e quando formos capazes de ficar de pé sozinhos e de apontar para as coisas à nossa volta como realidades objetivas e que esse mundo existe e não é um mundo mágico, esse mundo real que tudo funciona quando as pessoas que o formam tiverem a consciência em fazer algo para ele.É ai que começa o papel da sociedade, quando não mais pensa em si, mas começa pensar no próximo como alguém que o completo. Nasce o desafio de toda a sociedade, em lutar por um mundo melhor, longe das injustiças sociais.

Cristiano Leme - Filósofo da Unifai

Lei Moral

Até que ponto sabemos reconhecer o que é moral?
Imperativo Categórico de Kant

Imperativo Categórico de Kant é um principio ético formal da razão prática, ou seja, campo de atuação humana na qual permite que o homem tome suas decisões ao agir baseado no principio, na qual possa responder a pergunta “o que devo fazer? pois, o imperativo categórico está baseado na lei do dever que é um fundamento a priori, onde o sujeito reconhece como dever e usa como dever seu, enfim é dever do cidadão cumprir uma ação por respeito a lei, o imperativo categórico é baseado na autonomia e na heteronomia. Estabelecendo os princípios morais que regem a ação humana, o ato e a intenção humana, é ela também que permite que a ação humana seja cumprida por dever, é a necessidade de cumprir uma ação por respeito a lei. O imperativo categórico é também um principio absoluto e necessário, fundamento último da ação moral “ que age de tal forma que a norma de tua conduta possa ser tomada como lei universal”1.
O imperativo Categórico é uma ação necessária em si mesma que não está ligado a nenhum fim, o próprio homem é o fim e nunca poderá ser um meio para chegar a outras coisas. Kant diz que quando se trata de valor moral, o que importa não são as ações exteriores que se vêem, mas os princípios interiores da ação, que não se vêem. Para Kant o imperativo categórico é a necessidade de que a máxima de minha ação se conforme à lei, nada mais resta nele do que “a universalidade de uma lei em geral, à qual a máxima da ação deve ser conforme”.
Kant formula sua lei moral como um imperativo categórico. Por imperativo categórico Kant entende que a lei moral é “categórica”, ou seja, vale para todas as situações. Além disso, ela é também um imperativo uma “ordem”, portanto, é também absolutamente inevitável. Entende então que devemos agir de modo que nossa regra se transforme numa lei geral. Kant diz ”que devemos desejar agir de modo a podermos desejar que a regra a partir da qual agimos se transforme numa lei geral”. Quando faço alguma coisa, preciso estar certo que posso desejar de todos os outros façam a mesma coisa. Só assim você estará agindo em consonância com a lei moral interna.
Para Kant só quando agimos segundo a lei moral é que agimos em liberdade. A boa vontade guiada pela razão age em função de um imperativo categórico. A vontade humana se apresenta como deveres, mas existe um conflito entre a razão e a sensibilidade, visto que a vontade não obedece a razão, salvo se for constrangido por ela, por isso as leis da razão se apresenta como imperativo .
Por fim entende-se como imperativo categórico uma ordem, uma ação necessária incondicional que não está ligado a nenhum fim que seja universal, que tenha sua validade em todos os lugares e que tenha o homem como um fim em si mesmo, é uma ligação entre a vontade e a lei. É um dever que decorre da razão que não pode ser obedecida sob condições. O dever consiste na consciência humana na qual prescreve a realização de certa perfeição moral que consigo atingir na vida presente. É fazer o bem por inclinação e não por dever.Ser moralmente obrigado é ter o poder de responder sim ou não à regra moral, é ter a liberdade de escolher entre o bem e o mal “Tu deves, então podes”

Cristiano Leme