sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Mas o que é mesmo filosofia?

A Filosofia é um ramo do conhecimento que pode ser caracterizado de três modos: seja pelos conteúdos ou temas tratados, seja pela função que exerce na cultura, seja pela forma como trata tais temas. Com relação aos conteúdos, contemporaneamente, a Filosofia trata de conceitos tais como bem, beleza, justiça, verdade. Mas, nem sempre a Filosofia tratou de temas selecionados, como os indicados acima. No começo, na Grécia, a Filosofia tratava de todos os temas, já que até o séc. XIX não havia uma separação entre ciência e filosofia. Assim, na Grécia, a Filosofia incorporava todo o saber. No entanto, a Filosofia inaugurou um modo novo de tratamento dos temas a que passa a se dedicar, determinando uma mudança na forma de conhecimento do mundo até então vigente. Isto pode ser verificado a partir de uma análise da assim considerada primeira proposição filosófica.


Se dermos crédito a Nietzsche, a primeira proposição filosófica foi aquela enunciada por Tales, a saber, que a água é o princípio de todas as coisas [Aristóteles. Metafísica, I, 3].


Cabe perguntar o que haveria de filosófico na proposição de Tales. Muitos ensaiaram uma resposta a esta questão. Hegel, por exemplo, afirma: “com ela a Filosofia começa, porque através dela chega à consciência de que o um é a essência, o verdadeiro, o único que é em si e para si. Começa aqui um distanciar-se daquilo que é a nossa percepção sensível”. Segundo Hegel, o filosófico aqui é o encontro do universal, a água, ou seja, um único como verdadeiro.


Nietzsche, por sua vez, afirma:


“a filosofia grega parece começar com uma idéia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matiz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e, enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisália [sic], está contido o pensamento: ‘Tudo é um’. A razão citada em primeiro lugar deixa Tales ainda em comunidade com os religiosos e supersticiosos, a segunda o tira dessa sociedade e no-lo mostra como investigador da natureza, mas, em virtude da terceira, Tales se torna o primeiro filósofo grego”.


Trecho extraído de Artigo redigido pelo Prof. Dr. Delamar José Volpato Dutra [UFSC/CNPq].

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Despertar para uma vida apartir da construção de sua história

O que dizer de uma biografia, quando sabemos que é apenas um fragmento de uma vida. E nela trazemos uma carta como o fio da meada que uniu assuntos diversos no contexto do desenvolvimento humano da unidade mágica da pequena criança, à unidade adulta, às relações íntimas possíveis dos homens entre si.
Uma carta jogada ao vento que busca encontrar seu próprio lugar, em um destino desconhecido, chamada a guiar outro na busca de um significado, sem perder seu próprio lar. Sim, são palavras, de um suave destino, lançado em memória fiel, talvez a única que, de uma forma, marcará caminhos e, certamente passará leve e breve até desfazer-se e perder sua mensagem na vida de outros, quando num cair da noite, a escuridão, esconder suas esperanças.
Esperanças de uma sociedade, como filhos de uma pátria miscigenada que busca seu papel, construindo suas histórias como famílias que batalha em meio a tantas dificuldades. Famílias que um dia deixaram sua terra natal, em busca de um novo horizonte, onde o sol brilhe mais forte, em busca de paz e solidariedade.
Mas, se o homem realmente tem de amar seu próximo como a si mesmo, parece haver uma boa razão para perguntar, se ele hoje é suficientemente capaz de se relacionar consigo mesmo de uma maneira criativa e de viver a partir do centro de sua existência.
A cada dia, novas histórias são lançadas, a cada papel em branco, novas vidas vão ganhar brilhos e compartilhar com seu crescimento. Novas identidades individuais surgirão de alguém que clama a se tornar conhecido e permear todos os caminhos obscuros, em busca de uma voz que clama no deserto, no incessante encontro com o destino ainda desconhecido, dando ênfase há um tempo em que os problemas sociais são tão urgentes.
Novas vidas vão se encontrar, quando novas histórias começar, não como um livro, mas como um novo despertar...

Autoria própria de Cristiano Leme(filósofo)