quinta-feira, 26 de março de 2009

CAFÉ FILOSÓFICO-TEOLÓGICO


Tema: A conduta ética na religião
O café filosófico e teológico que ocorreu na Paróquia São Francisco de Assis na região da Diocese de São Miguel Paulista, em conjunto com professores e alunos da faculdade Unicastelo, contaram com a seguinte presença para compor à mesa com o Pe. Ticão, o Pastor Dr. Danilo (Igreja Metodista), Prof. Dr. Joel de Souza (Unicastelo), Prof. Ms Domingos Zamangnha (Unifai), Prof. Dr Valdir (Unicastelo). Seu inicio foi marcado com o Pastor Danilo quando citou a frase “ser ético e o agir e interagir de modo coerente com diversos grupos, como portadores da fé” sua explanação sobre a origem estimológica grega da palavra ética, e assim ele disse que a religião é o que determina o agir do ser humano, quando ela toca no ser humano incondicionalmente. Também explicou sobre o inicio do protestantismo em 1517, gerando assim uma competição entre igrejas, logo depois com a hegemonia do capitalismo dá inicio a um mercado religioso, onde a religião por sua vez abandona a ética própria para seguir a ética do mercado.Em seguida o Prof. Dr. Joel de Souza (Unicastelo) e com ponto de partida a sua reflexão cita Santo Ignácio de Antioquia quando diz: “o cristianismo é sinal de grandeza e não de propaganda”, assim inicia sua explanação de que a verdade é apenas uma, mas as expressões da verdade são varias, com isto dá inicio o quarto “poder”,ou seja, baseado em uma conduta religiosa acreditam serem detentores do poder de salvação, ou melhor, ditam quem pode e não pode ser salva, ressalta assim que a religião não é mercado, não podem vender produtos, a salvação vem ou nos conduz a Deus jamais pelo o homem. A preocupação desse homem deve resumir apenas em anunciar o Cristo. Em suas reflexões ele diz que Kant jamais negou o Absoluto (Deus), apenas ele fala do sujeito transcendental, isto é, apenas ele absolutiza o sujeito, diante de sua fala “assim a razão do meu ser não esta em mim mesmo, mas em algo transcendente, contudo a ética não pode existir sem o outro, é necessário sair de si mesmo e ir ao encontro do outro” finaliza dizendo que “o cristianismo se espalha pela grandeza da vida das pessoas, e não pela arte da propaganda, contudo, é na nossa capacidade de amar que construímos um mundo melhor”.Na seqüência, tem a palavra o Prof Domingos Zamangnha no qual diz que “a religião é algo profundo na existência humana, logo não pode haver religião sem Deus”. Nesta ideia a ética dos juros é o que mata as famílias aumenta a pobreza pelo número alto que são cobrados, por conseguinte foi Deus que criou o tempo e o homem anti-ético cobrar juros pelo tempo, ou seja, o tempo passou a ser cobrado, isso dá o nome da ética dos juros. O empobrecimento da fé cria a secularização e a privatização da religião, enfim o próprio Deus é privatizado. O homem deve voltar à sua atenção para os problemas sociais.Pe. Tição diz: “existem três dimensões da religião e que à apresentação de um Deus mágico que não tem nada a ver com o próximo, torna as pessoas submissas à essa falsa realidade”, é necessário apresentar um Deus humano, que está ao lado de todos e, se solidarializa no sofrimento da pessoa, e completa que a falta de testemunho aumenta cada vez mais o ateísmo.Concluindo as apresentações, o prof. Valdir com a palavra nos alerta de que estamos vivendo uma inversão de valores, a partir do momento em que não me respeito, logo não consigo respeitar a mais ninguém. É preciso ter o compromisso com a verdade, é preciso se libertar desse mundo de fantasias pregado por algumas religiões que desrespeitam a ética. A pessoa que não consegue sair de si mesmo, não pode dizer que vivencia Jesus Cristo. Diante disso o professor informa que assistencialismo não é o mesmo de estar preocupado com as injustiças sociais, dar migalhas de pães as pessoas não é ser ético e muito menos religioso. É querer o fim sem importar com o caminho, as pessoas agem e fazem sem pensar, é necessário antes da ação à reflexão, para depois saber o caminho a ser percorrido.Após todas as abordagens foi aberto para perguntas, e o professor Valdir encerra dizendo “que para ser ateu é necessário ter muita fé do que para acreditar em Deus”.

Cristiano Leme - Filósofo da Unifai

Os três estádios de existência e seus princípios - Kierkegaar

A parte mais lógica e sistemática do pensamento de Kierkegaard é sua teoria dos três estádios. Na grande maioria dos seus livros ele gasta mais tempo, com ou sem intenção, explicando os rodeios de seus pensamentos do que com as conclusões a quem conduzem.

Mas a unidade que decorre da lei dos três estádios foi caraterizada como não abstrata e estática por Jolivet, observando que ela é uma “unidade em movimento parecido com a continuidade de um vôo ou, melhor ainda, a um crescimento orgânico cujas fases vão marcadas por crises muitas vezes necessárias e imperceptíveis” . Pode-se dizer praticamente que esse é o papel dos três estádios da existência. Ser um reflexo sucessivo do desenvolvimento de todo o seu pensamento ou, como Kierkegaard mesmo os caraterizou, a sua própria educação. “Meu destino, escreve no Diário, consiste nisto: expor a verdade na medida em que a descubro”.

Nos estádios seu pensamento alcança sua lógica, que é a lógica vivente e vivida por uma alma que busca não uma verdade muda e abstrata, mas sua própria verdade. Com eles sua obra forma uma série ordenada por certa lei de progresso, fazendo-a convergir por meio de tentativas sucessivas que se impõem umas às outras em demanda da experiência religiosa cristã como lugar de sentido existencial.

Através deles se evidencia o aspecto lógico e doutrinal do seu pensamento em favor de uma idéia fundamental que reaparece sob três formas distintas de realização. Eles fornecem “um plano que permite agrupar, de maneira muito rigorosa e lógica, o conjunto desses temas doutrinais”. Neles Kierkegaard supõe que “as probabilidades diversas da vida podem ordenar-se segundo três estádios ou esferas diferentes, a saber, estádio estético, estádio ético e estádio religioso”.

Para realizar a tarefa de apropriação da atualidade e da fatualidade na subjetividade, o indivíduo existencial deve fazer uma opção decisiva na vida no universo absoluto dos três estádios. Não se trata de optar a favor ou contra uma simples idéia, e sim, pró ou contra uma forma de existência. Cada opção assume a forma de transição por três diferentes níveis ou concepções da existência para se chegar finalmente ao reconhecimento de uma vocação radical na fé, o salto para o infinito, próprio do estádio religioso. Os estádios não são, por isso, sucessivos no tempo e nem mutuamente exclusivos, pois no movimento dialético de transição de um para outro o estádio posterior retém aquilo que foi superado do anterior.

Fonte: zengo

Café Filosófico-Teológico


Convite

Os professores e alunos do curso de filosofia da Universidade Camilo Castelo Branco - UNICASTELO, em conjunto com a Paróquia São Francisco de Assis de Ermelino Matarazzo, têm a honra de convidá-los para o Café Filosófico-Teológico "Conduta Ética na Religião" que será realizado no dia 21/03/09 às 9h 30 na Igreja São Francisco de Assis - Salão São Bento.

Rua Miguel Rachid, 997

Mais informações: (11) 2943-9297


Solidariedade

Aquele que desejar, poderá colaborar com as obras assistenciais da Paróquia, doando 1kg de alimento não perecível (exceto sal e açucar) a ser entregue no local do envento.
(a doação não é obrigatória).

A RESPEITO DA MENINA BRASILEIRA

INO FISICHELLA*
Arcebispo presidente da Pontifícia Academia pela Vida
(Santa Sé — Roma)

Fonte: LOSSERVATORE ROMANO (15.03.2009)

Tradução: Pe. João Carlos Almeida, scj

No caso de Carmem, encontraram-se a vida e a morte. Por causa da sua pouca idade e das condições precárias de saúde, sua vida estava em sério perigo para a gravidez. Como agir nestes casos? Decisão difícil para o médico e para a própria lei moral. Escolhas como esta, ainda que em casos diferentes, se repetem todos os dias nas salas de reanimação e a consciência do médico se encontra sozinha consigo mesma no ato de dever decidir a melhor coisa a fazer. Ninguém, porém, chega a uma decisão deste tipo com facilidade; seria injusto e ofensivo pensar isso.

O respeito devido ao profissionalismo do médico é uma regra que deve ser observada por todos e não se pode chegar a um juízo negativo sem primeiro considerar este conflito criado no seu íntimo. O médico traz consigo a sua história e a sua experiência; uma escolha como aquela de dever salvar uma vida, sabendo que isto coloca em risco uma segunda, nunca é vivida com facilidade. É certo que alguns se habituam a estas situações de modo a nem sentir mais; nestes casos, porém, a escolha de ser médico é reduzida a mera função vivida sem entusiasmo e passivamente. Mas generalizar isto além de incorreto seria injusto.

Carmem nos coloca diante de um caso moral entre os mais delicados; tratá-lo apressadamente não faria justiça nem à sua frágil pessoa nem a todos os envolvidos sob qualquer título no episódio. Como todo caso singular e concreto, porém, merece ser analisado na sua peculiaridade, sem generalizações. A moral católica tem princípios dos quais não se pode prescindir, ainda que se quisesse. A defesa da vida humana desde a sua concepção é um destes princípios e se justifica pela sacralidade da existência.

Cada ser humano, de fato, desde o primeiro instante leva impresso em si a imagem do Criador, e por isso, estamos convencidos que devem ser reconhecidos a dignidade e os direitos de cada pessoa; em primeiro lugar aqueles da sua intangibilidade e inviolabilidade. O aborto provocado sempre foi condenado na lei moral como um ato intrinsecamente mau e este ensinamento permanece inalterado dos primórdios da Igreja até hoje. O Concílio Vaticano n na Gaudium et spes —• documento de grande abertura e sensibilidade para com o mundo contemporâneo — usa de maneira inesperada palavras claras e duras contra o aborto direto. A própria colaboração formal constitui uma culpa grave que, quando é realizada, conduz automaticamente para fora da comunidade cristã. Tecnicamente o Código de Direito Canônico usa a expressão latae senteniíae para indicar que a excomunhão acontece exatamente no momento em que o fato acontece.

Não eram necessárias, segundo nosso ponto de vista, tanta urgência e publicidade para declarar um fato que acontece de modo automático. Aquilo de que se sente maior necessidade neste momento é de um sinal de testemunho de proximidade com aquele que sofre; um ato de misericórdia que, mesmo mantendo o princípio, é capaz de olhar para além da esfera jurídica para chegar àquilo que o próprio direito prevê como o objetivo da sua existência: o bem e a salvação de quantos creiam no amor do Pai e de quantos acolham o Evangelho é Cristo com as crianças, que Jesus chamava para perto de si e os colocava entre seus braços dizendo que o reino dos céus pertence a quem é como elas.

Carmem, estamos do seu lado. Compartilhamos contigo o sofrimento que experimentastes; gostaríamos de fazer de tudo para restituir-te a dignidade da qual fostes privada e o amor de que tens agora ainda mais necessidade.

São outros que merecem a excomunhão e o nosso perdão, não aqueles que te ajudaram a sobreviver e te ajudarão a recuperar a esperança e a confiança, apesar da presença do mal e da maldade de muitos.