quinta-feira, 26 de março de 2009

Os três estádios de existência e seus princípios - Kierkegaar

A parte mais lógica e sistemática do pensamento de Kierkegaard é sua teoria dos três estádios. Na grande maioria dos seus livros ele gasta mais tempo, com ou sem intenção, explicando os rodeios de seus pensamentos do que com as conclusões a quem conduzem.

Mas a unidade que decorre da lei dos três estádios foi caraterizada como não abstrata e estática por Jolivet, observando que ela é uma “unidade em movimento parecido com a continuidade de um vôo ou, melhor ainda, a um crescimento orgânico cujas fases vão marcadas por crises muitas vezes necessárias e imperceptíveis” . Pode-se dizer praticamente que esse é o papel dos três estádios da existência. Ser um reflexo sucessivo do desenvolvimento de todo o seu pensamento ou, como Kierkegaard mesmo os caraterizou, a sua própria educação. “Meu destino, escreve no Diário, consiste nisto: expor a verdade na medida em que a descubro”.

Nos estádios seu pensamento alcança sua lógica, que é a lógica vivente e vivida por uma alma que busca não uma verdade muda e abstrata, mas sua própria verdade. Com eles sua obra forma uma série ordenada por certa lei de progresso, fazendo-a convergir por meio de tentativas sucessivas que se impõem umas às outras em demanda da experiência religiosa cristã como lugar de sentido existencial.

Através deles se evidencia o aspecto lógico e doutrinal do seu pensamento em favor de uma idéia fundamental que reaparece sob três formas distintas de realização. Eles fornecem “um plano que permite agrupar, de maneira muito rigorosa e lógica, o conjunto desses temas doutrinais”. Neles Kierkegaard supõe que “as probabilidades diversas da vida podem ordenar-se segundo três estádios ou esferas diferentes, a saber, estádio estético, estádio ético e estádio religioso”.

Para realizar a tarefa de apropriação da atualidade e da fatualidade na subjetividade, o indivíduo existencial deve fazer uma opção decisiva na vida no universo absoluto dos três estádios. Não se trata de optar a favor ou contra uma simples idéia, e sim, pró ou contra uma forma de existência. Cada opção assume a forma de transição por três diferentes níveis ou concepções da existência para se chegar finalmente ao reconhecimento de uma vocação radical na fé, o salto para o infinito, próprio do estádio religioso. Os estádios não são, por isso, sucessivos no tempo e nem mutuamente exclusivos, pois no movimento dialético de transição de um para outro o estádio posterior retém aquilo que foi superado do anterior.

Fonte: zengo

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