Uma ex-bailarina e ex-acompanhante de homens em boates de Milão se tornou freira há um ano e agora dá aulas de dança contemporânea nos arredores de Roma.
"Antes, eu dançava sobre cubos e fazia 'lap dance' para homens quequeriam apenas meu corpo, estava jogando a vida fora em boatestransgressivas, fazendo sexo sem amor, que procurava como uma droga",disse Anna Nobili, de 38 anos, em entrevista ao jornal La Repubblicanesta sexta-feira.
Anna Nobili entrou para a Congregação das Irmãs Operárias da Santa Casa de Nazaré e fez os votos no final do ano passado.
A dança voltou a fazer parte da vida da religiosa depois que o bispo da cidade de Palestrina, a cerca de 35 quilômetros da capital italiana, ofereceu à freira um espaço no convento para que ela pudesse ensinar passos de dança aos jovens da diocese.
IrmãAnna define o tipo de dança que faz e ensina agora como "holy dance"(ou dança sacra). "Agora, danço para Deus, e meus passos e minhascoreografias são dedicadas a ele", afirma.
Coreografia 'mística'
Comseu grupo de alunos, que se chama "grupo de dança litúrgica HolyDance", irmã Anna vai se apresentar na próxima terça-feira emuma das principais basílicas de Roma, a Santa Cruz em Jerusalém,durante a apresentação do livro Bíblia dia e noite, de Giuseppe Carli e Elena Balestri.
Segundo a tradição, nesta igreja, uma das mais antigas de Roma, estão guardadas relíquias da cruz onde Jesus Cristo morreu.
Ogrupo vai dançar diante de bispos e cardeais uma "coreografia mística",cujo titulo é "Jesus, luz do mundo", inspirada no evangelho segundo SãoJoão.
Além de se apresentar em boates, Anna também participava de programas de televisão como bailarina. Em 1995, ela teve o que definiu como uma "crise mística" e resolveu mudar de vida.
O caminho da conversão ao catolicismo e a decisão de se tornar freira não foram fáceis, segundo a religiosa. "Foi um caminho longo e sofrido", disse irmã Anna.
Iluminação
Na entrevista ao La Repubblica, a religiosa compara sua história a de muitas outras moças. Diz que teve uma infância violenta e sem amor. Seus pais se divorciaram quando ela era pequena e, aos 13 anos, foi viver sozinha em Milão.
"Procurei a felicidade nas luzes do palco e da noite. Os homens gostavam de mim. Descobri a dança, e isso foi um meio para fazer conquistas. Estava no centro das atenções e jogava fora meu corpo", afirmou.
Irmã Anna conta que teve uma espécie de iluminação, depois de tentar mudar de vida várias vezes, inclusive por meio do budismo.
"Fiz uma intimação a Deus: 'se você está aqui, deve dizer pessoalmente, sem intermediários'", disse.
A freira afirma que sua conversão ocorreu ao visitar a Basílica de São Francisco e Santa Clara, em Assis. Diante da basílica, irmã Anna disse que se surpreendeu com as cores do céu, sentiu a presença de Deus e começou a dançar diante das pessoas.
"No trem, de volta a Milão, percebi que Deus havia entrado dentro de mim. No espelho do banheiro, não me reconheci, houve uma transfiguração", diz a freira.
Irmã Anna conta que ainda dançou como profissional de boate mais uma noite e, depois, desistiu.
"Eu poderia ter escolhido uma vida normal, ter uma família, filhos, mas minha busca me levou a uma escolha radical, evangélica. Aos poucos, cortei tudo. Fiz as pazes com meu pai e comecei um processo de purificação", disse.
Colaborador: Rodney
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