Uma forma de apoiar a religião é por apelo a milagres. Mas Hume argumentou que no mínimo, os milagres não poderiam conferir muito apoio à religião. Há vários argumentos sugeridos pelo ensaio de Hume, todos eles à volta do seu conceito de milagre: nomeadamente a violação por Deus das leis da Natureza. Um argumento é o de que é impossível violar as leis da Natureza. Outro argumento afirma que o testemunho humano nunca poderia ser suficientemente fiável para contra-ordenar a evidência que temos das leis da Natureza. Outro argumento, menos irredutível, mais defensável, é que devido à forte evidência que temos das leis da natureza, qualquer pretensão de milagre está sobre pressão desde o início e precisa de provas fortes para derrotar as nossas expectativas iniciais. Este ponto tem sido aplicado sobretudo na questão da ressurreição de Jesus, onde Hume sem dúvida perguntaria "o que é que é mais provável ? que um homem se erga dos mortos ou que este testemunho esteja incorreto de uma forma ou de outra ?". Este argumento é a base do movimento cético e um assunto fundamental aos históricos da religião.
Acreditamos que Hume traz o tema para a filosofia, embora ele próprio não o tenha desenvolvido no campo genuinamente filosófico. O que ele contradiz é a doutrina teológica. Ele certamente recorreu a Tomás de Aquino de quem toma parte de sua definição; e ele nega a verdade da Eucaristia louvando-se em outro teólogo, John Tillotson, que foi depois Arcebispo de Canterbury. A muito citada definição de "milagre" dada por Hume no "Investigações" é que este significa "a transgressão de uma Lei da natureza por uma vontade particular da Divindade, ou pela interposição de algum agente invisível". Ocorre que uma característica do que é chamado milagre é precisamente o contrario, ou seja, representa um fato natural que Deus coloca numa ordem de possibilidades conforme Lhe é pedido. Por exemplo, um indivíduo em dificuldade pede socorro a Deus e imediatamente recebe uma dádiva espiritual ou material que para ele faz sentido como solução de seu problema – e que só para ele é uma resposta de Deus ao seu pedido, um milagre –, sem que nenhuma Lei da natureza tenha sido transgredida. Fatos sobrenaturais que transgridem as leis da natureza não são milagres, mas "testemunhos" que não dependem da fé porque são atos espontâneos de Deus, e este é o caso de Cristo caminhando sobre as águas, e essa distinção Hume não fez.. Uma terceira categoria de fato relacionável a Deus é a Eucaristia, que não é nem milagre nem testemunho. A questão é que se por algum caminho filosófico se chega a que Deus existe, então a discussão do milagre, do testemunho e da eucaristia entra no mesmo escaninho filosófico.
Hume associa o milagre à ignorância, o que é inócuo, porque Deus pode se reconhecer em qualquer forma em que seja pensado pelo homem, desde que como fonte do bem e da perfeição como a própria filosofia o coloca. O texto de Hume é dirigido mais ao que chamo "testemunho", embora ele exemplifique indistintamente milagres e testemunhos. No entanto, Hume, tendo negado a Deus, não precisava ter se dado ao trabalho de negar o milagre. ~
Acreditamos que Hume traz o tema para a filosofia, embora ele próprio não o tenha desenvolvido no campo genuinamente filosófico. O que ele contradiz é a doutrina teológica. Ele certamente recorreu a Tomás de Aquino de quem toma parte de sua definição; e ele nega a verdade da Eucaristia louvando-se em outro teólogo, John Tillotson, que foi depois Arcebispo de Canterbury. A muito citada definição de "milagre" dada por Hume no "Investigações" é que este significa "a transgressão de uma Lei da natureza por uma vontade particular da Divindade, ou pela interposição de algum agente invisível". Ocorre que uma característica do que é chamado milagre é precisamente o contrario, ou seja, representa um fato natural que Deus coloca numa ordem de possibilidades conforme Lhe é pedido. Por exemplo, um indivíduo em dificuldade pede socorro a Deus e imediatamente recebe uma dádiva espiritual ou material que para ele faz sentido como solução de seu problema – e que só para ele é uma resposta de Deus ao seu pedido, um milagre –, sem que nenhuma Lei da natureza tenha sido transgredida. Fatos sobrenaturais que transgridem as leis da natureza não são milagres, mas "testemunhos" que não dependem da fé porque são atos espontâneos de Deus, e este é o caso de Cristo caminhando sobre as águas, e essa distinção Hume não fez.. Uma terceira categoria de fato relacionável a Deus é a Eucaristia, que não é nem milagre nem testemunho. A questão é que se por algum caminho filosófico se chega a que Deus existe, então a discussão do milagre, do testemunho e da eucaristia entra no mesmo escaninho filosófico.
Hume associa o milagre à ignorância, o que é inócuo, porque Deus pode se reconhecer em qualquer forma em que seja pensado pelo homem, desde que como fonte do bem e da perfeição como a própria filosofia o coloca. O texto de Hume é dirigido mais ao que chamo "testemunho", embora ele exemplifique indistintamente milagres e testemunhos. No entanto, Hume, tendo negado a Deus, não precisava ter se dado ao trabalho de negar o milagre. ~
Autor: Roberson Marcomini (Filósofo e Teólogo)